sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Petiscos na praias devem ser alvo da vigilância sanitária

A nutricionista Gisela Peres, da 33ª enfermaria da Santa Casa de Misericórdia no Rio, lembra que o plástico passa substâncias tóxicas. Quando o alimento está deteriorado, é pior: a intoxicação é causada pelo veneno dos germes, com risco de morte.

Petiscos na praias devem ser alvo da vigilância sanitária

O COMÉRCIO AMBULANTE NÃO DEVE SER ALVO APENAS DA POSTURA E DA ORDEM PÚBLICA - SAÚDE É TAMBÉM PROTAGONISTA DO ORDENAMENTO

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Especialistas ligados à área da Saúde alertam para os riscos do consumo de produtos vendidos na areia e apontam sobre os riscos à população que consome ns praias
Coco, queijo na brasa, abacaxi, mate de galão, sacolé, milho, sanduíche, ostra, empada, churrasco, são alguns dos petiscos que fazem parte do assédio aos banhistas nas praias. Indepedente de serem saborosos e também em casos necessários para prolongar a vida do banhista nas praias, eles são calóricos e ricos em gordura. Foraisso, não se conhece sobre a procedência deles, nem sequer sobre os industrializados, quepodem ter seus prazo de validade vencidos, ou tiverem sofrido danos pela forma de armazenamento e manuseio.
A tudo isso, soma-se o calor associado à umidade, condições favoráveis ao desenvolvimento de infecções e intoxicações intestinais.
A Lei só libera comestíveis industrializados, e aprovados pela Vigilância e Fiscalização Sanitária. Nenhum alimento pode ser manipulado ou preparado na hora, justamente para evitar as infecções e intoxicações, cujos sintomas aparecem de seis até 72 horas. Em casos leves nem sempre estão associados os sintomas ao consumo do produto estragado.
A pessoa acha que pegou muito sol ou exagerou na bebida ou no almoço de fim de semana. Crianças, grávidas, idosos e indivíduos com baixa imunidade são mais vulneráveis, segundo a médica veterinária Zenaide Souza, do Núcleo de Divulgação e Educação em Vigilância Sanitária.
O banhista pode não saber como o alimento foi manipulado, sua procedência, condição de armazenamento e transporte. Sem falar que é o próprio ambulante que entrega ou prepara o produto e recebe o dinheiro. Às vezes o alimento nem precisa estar contaminado para fazer mal. Picolés caseiros, como o sacolé, podem ter corantes que levam a reações alérgicas em pessoas suscetíveis, inclusive choque anafilático. A nutricionista Gisela Peres, da 33ª enfermaria da Santa Casa de Misericórdia no Rio, lembra que o plástico passa substâncias tóxicas. Quando o alimento está deteriorado, é pior: a intoxicação é causada pelo veneno dos germes, com risco de morte.
- Ostras são consumidas cruas com sal e limão e podem abrigar bactérias que causam cólera e salmoneloses. Às vezes o aquecimento é insuficiente para matar toxinas. Devem estar vivas e deixadas em água clorada por no mínimo 24 horas - diz a nutricionista Maria Adelaide dos Santos, do Hospital da UFRJ.
Outro perigo é o mate de galão misturado à limonada, carregado em refresqueiras. Ninguém sabe de onde vem a água do seu preparo e se o galão foi higienizado. Ambulantes usam coletes de uma marca conhecida, enganando banhistas ansiosos para matar a sede. O queijo-coalho, outro rei da praia, contém coliformes fecais.
Assá-lo por alguns minutoscomo fazem os ambulantesnão mata as toxinasNem frutas como abacaxi e melanciaestão imunes a germes na praiaElas devem ser lavadas antes de consumidas, assim como as facas para cortá-las. Ococo tem que ser aberto na horaUsar o pedaço da casca para comer a polpa é perigoso.
Alimentos preparados têm duas opções de armazenamento: refrigeração ou estufa a 65 grausIsto não acontece napraia - diz Zenaide.
Já o valor calórico de alimentos vendidos na praia é alto. Vilma Blondet, do Departamento de Nutrição e Dietética da UFF, sugere optar por alimentos leves, com baixo valor energético e grande conteúdo de água para hidratar.
- O sanduíche dito natural quase sempre leva maionese. O isopor onde eles são guardados é insuficiente para conservação por muito tempo sob o Sol. O açaí é bom, energético e refrescante. Porém há casos de produtores que não higienizam o fruto e ele é triturado com o inseto Barbeiro. Casos de doença de Chagas já foram registrados em razão disto - alerta Vilma.
Barras de cereais são ótimas opções
Todo cuidado é pouco. Tatiana Feijó, professora de nutrição na UFF, diz que o sanduíche natural é muito manipulado e leva uma mistura que se estraga facilmente. Se a maionese for caseira, pior: - Empadas e esfirras também passam horas expostos à alta temperatura, e ainda contêm muita gordura saturada.
O verão acelera a deterioração, favorecendo a proliferação de bactérias e fungos, explica a nutricionista Beatriz Gonçalves Ribeiro, do Departamento de Nutrição e Dietética da UFRJ. E os vilões são Salmonella sp (presente em fezes e mãos, na carne e derivados de animais contaminados); Clostridium botulinum (água, carne, peixes e vegetais contaminados); Escherichia coli e coliformes do gênero Proteus (fezes); Clostridium perfringens (fezes e mãos, produtos animais contaminados) e Staphylococcus aureus (secreções do nariz e da garganta,
produtos animais contaminados): - Perecíveis como camarão, sanduíches com maionese e salgados devem ser evitados.
Sucos, mate, picolés e sacolés não sofrem tanto com o calor, mas é preciso saber a qualidade da água do preparo.
É melhor levar de casa algo saudável. Bia Rique, chefe do serviço de Nutrição na 38ª enfermaria da Santa Casa de Misericórdia do Rio, sugere barras de cereais light, barras de cereais recheadas de frutas, a própria fruta, de pequeno tamanho, como banana, ameixas, maçã, uvas, e mesmo frutas secas: - Água de coco, chás, mates, sucos light, queijo tipo Polenguinho light, biscoitos, castanhas e sementes são outras boas opções.

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